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segunda-feira, 4 de novembro de 2013

PÃO POR DEUS


Fomos fazer uma visita ao Centro de Dia da Casa do Povo. Pelo caminho fomos abordados por várias pessoas que nos quiseram oferecer do seu bolinho (dos dias de hoje): rebuçados, chupas e outros doces, para alegria das crianças.
Chegados à sala de convívio dos idosos, que estavam na hora da sesta, fomos recebidos com alegria, pois a nossa presença contribuiu para colorir um pouco o seu dia que também estava cinzento na rua.
Conversámos acerca das vivências das crianças de hoje e das crianças de há seis ou sete décadas atrás. Uma idosa referiu que nunca foi pedir Pão por Deus porque os pais dela tinham tudo em casa e nunca necessitou de pedir. Esta foi a origem desta tradição: no Dia de Todos os Santos as famílias muito pobres dirigiam-se às casas abastadas para pedirem “pão por Amor de Deus”, para matarem a fome dos filhos.
Outros idosos referiram que recebiam do que as pessoas produziam e tinham em casa: tremoços, pevides, figos passados, castanhas…e um pedaço de merendeira doce. Tão diferente dos dias de hoje!

Mais uma vez este encontro de gerações com partilha de saberes, culminou com as alegres canções infantis e promessa de voltarmos brevemente.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

SOLIDARIEDADE ENTRE GERAÇÕES





Dia Mundial da Solidariedade entre Gerações
Com o objetivo de valorizarmos os saberes dos mais idosos, construídos com vivências e experiências de vida completamente diferentes das da atualidade, a nossa escola para convidou os idosos utentes da Casa do Povo de Calvaria de Cima, para conversarem com as crianças e darem testemunho de vidas pouco facilitadas e com carências de quase tudo, mas com valores muito bem definidos e muito dignificantes na construção do carater humano.
Cada sala recebeu dois idosos que responderam com muita simpatia a todas as questões colocadas pelas crianças.
As crianças do Jardim-de-infância apresentaram as seguintes questões:

- A Isa, o Ricardo e a Margarida perguntaram se eles quando eram pequenos tinham brinquedos, se os construíam, e como brincavam. Ao que lhes foi dito que faziam jogos uns com os outros, que desenhavam no chão, faziam bonecas com trapos e com os carolos do milho. Também construíam os baloiços com uma corda entre duas árvores e sentavam-se sobre um pedaço de tábua para não magoarem o rabo.

- O João Costa e o Filipe perguntarem se tinham muitos livros e lápis quando eram pequenos. Uma Senhora disse que foi pouco tempo à escola, pois teve que ajudar a irmã mais velha a criar os filhos. Aprendeu a ler, mas pouco. Não havia livros. Quem andava na escola só tinha um livro e só um lápis. Para pintar tinha alguns lápis de cor.

-O Guilherme perguntou se tinham televisão e se tinham festa quando faziam anos. As senhoras disseram que não havia televisão, nem luz. Acendiam uma candeia de azeite para poderem ver à noite. Nos aniversários não havia festa nenhuma. Às vezes as mães faziam arroz doce no dia dos anos.

-A Inês perguntou se os sapatos deles eram iguais aos nossos. As senhoras disseram que não tinham sapatos. Às vezes faziam sapatos com folhas de figueira. Quando já eram mais velhas iam uma vez poe ano ao sapateiro tirar as medidas dos pés para lhes serem feitos uns sapatos, que eram cosidos à mão.

-O Diogo perguntou como tomavam banho. As senhoras disseram que não havia casa de banho. As necessidades eram feitas no quintal e o banho tomava-se na cozinha dentro dum alguidar grande.

-A Isa perguntou como faziam a comida e como passavam a ferro. As senhoras disseram que comiam sopa que as mães cozinhavam com os produtos que tinham e produziam. Raramente comiam carne e peixe. A comida era feita ao lume em cima de dois tijolos com dois ferros por cima. Depois guardavam as brasas do lume e punham-nas dentro dum ferro de carvão, que aquecia com as brasas e era assim que passavam a ferro em cima da mesa.

-O Gabriel perguntou se eles tinham pouco dinheiro. As senhoras disseram que os pais ganhavam muito pouco e eram todos muito pobres.

O ambiente vivido entres todos foi de um enorme respeito e carinho, que também foi colocado na tela pintada com as mãos das crianças e que lhes foi oferecida para ser colocada na sala de convívio da Casa do Povo.